Wine / Promises

Wine / Promises

Red. But not like blood. More like a thin, sparse, diluted blood. Anemic. Rosé. Soft. Softly toned water with the scent of strawberries and other red fruits, flavored like grapes though. Wine that doesn't feel like wine. Better. Better than the promise of a wine.

Maybe the only reason why I liked it is exactly because of the “subversive” aspect of that said “wine”. The promise of a wine that is not fulfilled. The expectation never comes true. This “wine” is just like us.

Disappointing. When promises are not fulfilled it is common to feel disappointed. I wouldn’t actually use that word to describe that wine or its effects. It’s just different. Queer. Queer wine. It has alcohol but the bitter taste of it can’t be felt. Maybe a little, but it definitely does not smell like alcohol. Did not present the nauseating characteristics of alcohol. Probably one of the reasons why I can affirm I liked it. I could enjoy the sensation of drinking from that wine you offered me. Your wine.

Warm. Not hot. Not cold. Warm. Warm feelings spilled from that bottle. Pretty. Aesthetically pretty bottle full of a warm overflowing liquid. Like an elixir that unlocks comfortable sensations, cozy, warm. More because it’s your wine than because of wine itself. If it was offered that same wine by another person, I'd not even consider drinking from that warm sensation. Maybe it would feel cold.

I always heard wine should feel hot, in every meaning, but it didn't come even close to being. Maybe all the cold, frigid aspects of myself turned the wine warm. Honestly? Can’t think of it being any different. Drinking from that wine should be no more no less than warm. It wouldn't make sense. This is how it was meant to be and it's better that way. Comfortable. Safe. 

Innocent. Maybe that's also not the best word, but it's the best i find at the moment to describe it. Innocent like a child that's only now discovering the world. Experimenting existence. Feeling real, so real, as if my soul finally fixed itself on a body. Ethereal experience with the ethylic contours of this elixir.

Wet. But at the same time dry. Making you wish for more when the wetness passes and opens up space for the dryness. Interesting mix of sensations. It doesn't matter how much I wet my lips sipping from that wine, in the end my mouth will still feel dry as if it misses the wetness of that warm liquid, wishing for more, but afraid to ask. Afraid of extrapolating limits. 

Moderation. Wine requires moderation. Especially when you can't identify the alcohol very well. Kinda scary. Anxious. Adrenaline. I feel like jumping right inside your bottle without thinking much. I want to drown.

Calm.

Calm and careful.

Cautiousness is necessary.

Freedom. So much freedom without the barriers of consciousness leads us to make things we would never do sober, but from wine to water I'd drink from the freedom you gave me with that wine. I know I could easily put all my impulsive actions into the account of wine, but I'd be a liar and we both know it. I didn't do or say anything I wouldn't usually do or say. We know each other well enough to know it.

Maybe cautiousness is not that necessary anymore for us. 

Comfort. The sense of comfort and reality you gave me with your wine would be given by yourself even with pure distilled water. I don't need to borrow courage from alcohol. Even with the cowardness of water it would be alright because it’s you. 

I don't wanna be cautious with you anymore when i’m with you.

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[PT/BR version]

Vinho / Promessas

Vermelho. Mas não como sangue. Mais como um fino, ralo, diluído sangue. Anêmico. Rosé. Suave. Água suavemente tonalizada com o aroma de morangos e outras frutas vermelhas ainda que tenha sabor de uvas. Vinho que não se parece com vinho. Melhor. Melhor do que a promessa de um vinho.

Talvez a única razão pela qual eu tenha gostado seja exatamente por conta do aspecto “subversivo” desse “vinho”. A promessa de um vinho que não se concretiza. A expectativa que não é cumprida. Esse “vinho” é como nós.

Decepcionante. Quando promessas não são cumpridas é comum se sentir decepcionado. Eu não usaria essa palavra para descrever esse vinho ou seus efeitos. É apenas diferente. Queer. Vinho queer. Tem álcool mas se percebia o amargor do sabor de álcool. Talvez um pouco, mas definitivamente não cheirava como álcool. Não apresentava o enjoativo cheiro de álcool. Provavelmente um dos motivos pelos quais posso afirmar que gostei, que pude aproveitar a sensação de beber deste vinho que você me ofereceu. Teu vinho. 

Morno. Não quente. Não frio. Morno. Sentimentos mornos derramados desta garrafa. Bonita. Garrafa esteticamente bonita e cheia de um líquido morno transbordante. Um elixir que desbloqueia sensações confortáveis, aconchegantes, mornas. Mais por ser o seu vinho do que por ser vinho em si. Se me fosse oferecido por outra pessoa o mesmo vinho, talvez eu nunca teria sequer considerado beber desta amornada sensação. Talvez fosse frio.

Sempre ouvi dizer que deveria ser quente, em todos os sentidos, mas não chegou a ser, talvez tenha se aproximado. Talvez os aspectos frios, frígidos, de mim amornaram o vinho. Honestamente? Não penso como poderia ter sido diferente. Beber deste vinho não deveria ser mais nem menos do que morno. Não faria sentido. É como o universo quis que fosse. É melhor desse jeito. É o que fez disso possível. Confortável. Seguro. 

Inocente. Talvez essa não seja a melhor palavra, mas é a melhor que encontro no momento. Inocente como uma criança que está apenas agora descobrindo o mundo. Experimentando a existência. Me sentindo real, tão real como se finalmente a minha alma tivesse sido presa a um corpo. Experiência etérea dos contornos etílicos deste elixir.

Molhado. Mas ao mesmo tempo seco. Faz você desejar por mais quando o molhado passa e dá espaço à secura. Interessante mistura de sensações. Não importa o quanto molhe os lábios bebericando deste vinho, no final sinto a boca seca como se sentisse falta do molhar deste líquido morno, desejando por mais, porém com medo de pedir. Medo de extrapolar limites.

Moderação. Vinho requer moderação. Especialmente quando não se identifica o álcool muito bem. Um pouco assustador. Ansioso. Adrenalina. Quero pular dentro desta garrafa diante de mim sem pensar muito. Quero me afogar.

Calma.

Calma e cuidado.

É preciso cautela.

Liberdade. Tanta liberdade sem as barreiras da consciência nos leva a fazer coisas que jamais faríamos sóbrios. Do vinho à água eu beberia da liberdade que me foi dada junto ao seu vinho. Eu sei que poderia facilmente colocar minhas ações impulsivas na conta do vinho, mas seria uma mentira e ambos sabemos disso. Não fiz ou falei nada que não faria ou falaria usualmente. Conhecemo-nos um ao outro bem o suficiente para saber disso. 

Talvez não seja preciso tanta cautela entre nós.

Conforto. O senso de conforto e realidade que me foi dado com o vinho, me seria dado por você até com água destilada, pura. Não necessito receber coragem do álcool. Mesmo com a covardia da água estaria tudo bem por ser você.

Não quero ter cautela quando se trata de nós.

'touch'

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I Don't Fear Our Conversations

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